Jairo Luiz Oliveira (*)
arte: "Emprego Rápido"
Durante muito tempo o Cangaço tem povoado o imaginário popular e também tem sido objeto de estudo de pesquisadores do mundo inteiro. “O movimento cangaceiro tem suas origens ainda no século XVIII em Pernambuco e a principal causa foi injustiça social praticada nos sertões nordestinos e pelas secas mais intensas que empurravam o homem sertanejo para o banditismo e um modo de vida errante.” ( CHANDLER,1980).
O município de Poço Redondo está localizado no alto sertão sergipano situada a 215 Km da capital do estado Aracaju. As primeiras notícias de cangaceiros dentro do Estado de Sergipe se dá no pequeno povoado Poço de Cima, no 21 de agosto de 1929, que mais tarde viria se chamar Poço Redondo. Logo nas primeiras visitas do Rei do Cangaço ao pequeno povoado, homens e mulheres entram para o bando (vale ressaltar que as mulheres somente entrariam no final de 1930, após a entrada de Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita).
CANGAÇO: UM MODO DE VIDA OU UMA NECESSIDADE DE VIVER?
“Ao chegar a Poço Redondo, Virgolino Ferreira da Silva encontra um ambiente propício para expandir o seu domínio e recrutar novos cangaceiros.” (COSTA,1996). A pequena localidade sergipana não era diferente das demais do sertão nordestino: a fome, a seca e a miséria eram elementos daquele cenário tão comum para cangaceiros.
Quando os jovens de Poço Redondo entraram para o cangaço acreditavam em mudanças e estavam complemente certos, pois o Cangaço não só mudou suas vidas como também a história de nosso País. O jovem sertanejo não tinha muitas opções em relação ao futuro, as incertezas da vida refletiam no seu dia-a-dia onde a fome era a principal companheira e a força de viver era o objetivo de sua existência. Essa necessidade de sobrevivência é entendida por alguns pesquisadores como “um sintoma de uma sociedade desajustada” (HOBSBAWN,1971), contudo esse desajuste é conseqüência de anos e anos de domínio e de falta de perspectivas aliada às agruras da seca.
E Lampião atento a esses fatores delimitadores de ascensão social e econômica do sertanejo conseguiu com seu jeito enigmático e brincalhão, “além de católico fervoroso”, (MACIEL, 1987) recrutar mais de 110 jovens para as hordas cangaceiras somente na década de 30 do século XX.
O Cangaço tem seu fim a partir da instalação da ditadura Vargas com o Estado Novo no final de 1937. Os mesmo Coronéis que apoiavam o Rei do Cangaço iniciavam uma campanha para seu extermínio sob controle do Presidente Vargas.
Outro fato para o fim do Cangaço foi a entrada de bandidos comuns e muito jovens; esses cangaceiros, na sua grande maioria, eram do município de Poço Redondo e por isso se explica o porquê de Lampião permanecer longos períodos na região do Alto Sertão sergipano, além do fato de que o Rei do Cangaço mantinha laços estreitos de amizade e de poder com os homens mais influentes de Sergipe.
A confiança de Lampião o levou a acreditar que naquela semana, de 23 a 28 de julho de 1938, estava totalmente seguro na Grota de Angico. Afinal estava em terras sergipanas onde o dileto amigo Eronildes de Carvalho ocupava o cargo de Interventor Federal.
O CANGAÇO COMO PONTO TURÍSTICO
O Turismo é essencialmente um elemento de cultura que tem o poder de transmitir e retransmitir idéias e pensamentos a um número significativo de pessoas, tornando acessível e abrangente o conhecimento de fatos. O Cangaço, até a década de 80 do século XX, foi tratado como algo que manchava a história de nosso País; somente no final da década de 90 daquele século o fenômeno do Cangaço torna-se um elemento cultural e histórico dentro do contexto regional, em especial de Poço Redondo (SE) e de Piranhas (AL).
Em 1997 se iniciou a exploração turística da Grota de Angico - local da morte de Lampião - através da realização da trilha que foi percorrida pelo tenente João Bezerra da Silva e seu grupo de policiais no dia 28 de julho de 1938, para matar o Rei do Cangaço.
Inicialmente o único serviço se resumia ao passeio de barco a partir de Piranhas (AL) e a trilha. Contudo com o crescimento pelo roteiro se verificou a necessidade de implantação de outros serviços e equipamentos. No final de 1997 foi criado um restaurante no início da trilha no sentido de oferecer um melhor atendimento para os turistas.
Já no ano de 1998 visando divulgar a história do Cangaço e atrair mais turistas foi criada a Missa do Cangaço e o Seminário sobre a História do Cangaço. O evento no seu primeiro ano teve ampla repercussão junto à imprensa de todo país e inseriu definitivamente a Grota de Angico e a história do Cangaço dentro do contexto turístico regional. Aliando a exploração turística do Cangaço através da Grota de Angico, outros atrativos foram incorporados aos roteiros turísticos de Poço Redondo. Como exemplos citamos: A Fazenda Maranduba, a Serra da Guia, Canindé de São Francisco e a Fazenda Pedra da Água.
O município de Piranhas (AL) obteve um significativo aumento no fluxo de turistas a partir da exploração da história do Cangaço como atrativo turístico. Os atrativos relacionados ao Cangaço estão presentes na dança, culinária, artesanato e nos fatos históricos. Na culinária podemos destacar os doces a base de cactus e o guisado de bode cozido na raiz do umbuzeiro; já na dança o destaque é o Xaxado que no município de Poço Redondo tem como representante maior o grupo “Na Pisada de Lampião”.
A visita aos artesãos que trabalham com couro e madeira é indispensável, pois esses artesãos conseguem figuras e indumentárias que fizeram parte do Cangaço.
As trilhas ecológicas, por onde andaram os sertanejos e sertanejas que fizeram parte da saga cangaceira, no município de Poço Redondo, são caminhos de aventura e beleza natural dentro do ecossistema da Caatinga.
A Rota do Cangaço conta hoje com cerca de oito (8) roteiros e contempla seis (6) municípios de três estados nordestinos: Alagoas, Bahia e Sergipe. Os núcleos bases para realização dos roteiros são as cidades de Poço Redondo e Canindé de São Francisco em Sergipe e Piranhas em Alagoas. Esta rota tem como desafio fazer com que o banditismo rural e social dos cangaceiros seja entendido como atrativo turístico histórico, cultural e eco-turístico.
O município de Poço Redondo está localizado no alto sertão sergipano situada a 215 Km da capital do estado Aracaju. As primeiras notícias de cangaceiros dentro do Estado de Sergipe se dá no pequeno povoado Poço de Cima, no 21 de agosto de 1929, que mais tarde viria se chamar Poço Redondo. Logo nas primeiras visitas do Rei do Cangaço ao pequeno povoado, homens e mulheres entram para o bando (vale ressaltar que as mulheres somente entrariam no final de 1930, após a entrada de Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita).
CANGAÇO: UM MODO DE VIDA OU UMA NECESSIDADE DE VIVER?
“Ao chegar a Poço Redondo, Virgolino Ferreira da Silva encontra um ambiente propício para expandir o seu domínio e recrutar novos cangaceiros.” (COSTA,1996). A pequena localidade sergipana não era diferente das demais do sertão nordestino: a fome, a seca e a miséria eram elementos daquele cenário tão comum para cangaceiros.
Quando os jovens de Poço Redondo entraram para o cangaço acreditavam em mudanças e estavam complemente certos, pois o Cangaço não só mudou suas vidas como também a história de nosso País. O jovem sertanejo não tinha muitas opções em relação ao futuro, as incertezas da vida refletiam no seu dia-a-dia onde a fome era a principal companheira e a força de viver era o objetivo de sua existência. Essa necessidade de sobrevivência é entendida por alguns pesquisadores como “um sintoma de uma sociedade desajustada” (HOBSBAWN,1971), contudo esse desajuste é conseqüência de anos e anos de domínio e de falta de perspectivas aliada às agruras da seca.
E Lampião atento a esses fatores delimitadores de ascensão social e econômica do sertanejo conseguiu com seu jeito enigmático e brincalhão, “além de católico fervoroso”, (MACIEL, 1987) recrutar mais de 110 jovens para as hordas cangaceiras somente na década de 30 do século XX.
O Cangaço tem seu fim a partir da instalação da ditadura Vargas com o Estado Novo no final de 1937. Os mesmo Coronéis que apoiavam o Rei do Cangaço iniciavam uma campanha para seu extermínio sob controle do Presidente Vargas.
Outro fato para o fim do Cangaço foi a entrada de bandidos comuns e muito jovens; esses cangaceiros, na sua grande maioria, eram do município de Poço Redondo e por isso se explica o porquê de Lampião permanecer longos períodos na região do Alto Sertão sergipano, além do fato de que o Rei do Cangaço mantinha laços estreitos de amizade e de poder com os homens mais influentes de Sergipe.
A confiança de Lampião o levou a acreditar que naquela semana, de 23 a 28 de julho de 1938, estava totalmente seguro na Grota de Angico. Afinal estava em terras sergipanas onde o dileto amigo Eronildes de Carvalho ocupava o cargo de Interventor Federal.
O CANGAÇO COMO PONTO TURÍSTICO
O Turismo é essencialmente um elemento de cultura que tem o poder de transmitir e retransmitir idéias e pensamentos a um número significativo de pessoas, tornando acessível e abrangente o conhecimento de fatos. O Cangaço, até a década de 80 do século XX, foi tratado como algo que manchava a história de nosso País; somente no final da década de 90 daquele século o fenômeno do Cangaço torna-se um elemento cultural e histórico dentro do contexto regional, em especial de Poço Redondo (SE) e de Piranhas (AL).
Em 1997 se iniciou a exploração turística da Grota de Angico - local da morte de Lampião - através da realização da trilha que foi percorrida pelo tenente João Bezerra da Silva e seu grupo de policiais no dia 28 de julho de 1938, para matar o Rei do Cangaço.
Inicialmente o único serviço se resumia ao passeio de barco a partir de Piranhas (AL) e a trilha. Contudo com o crescimento pelo roteiro se verificou a necessidade de implantação de outros serviços e equipamentos. No final de 1997 foi criado um restaurante no início da trilha no sentido de oferecer um melhor atendimento para os turistas.
Já no ano de 1998 visando divulgar a história do Cangaço e atrair mais turistas foi criada a Missa do Cangaço e o Seminário sobre a História do Cangaço. O evento no seu primeiro ano teve ampla repercussão junto à imprensa de todo país e inseriu definitivamente a Grota de Angico e a história do Cangaço dentro do contexto turístico regional. Aliando a exploração turística do Cangaço através da Grota de Angico, outros atrativos foram incorporados aos roteiros turísticos de Poço Redondo. Como exemplos citamos: A Fazenda Maranduba, a Serra da Guia, Canindé de São Francisco e a Fazenda Pedra da Água.
O município de Piranhas (AL) obteve um significativo aumento no fluxo de turistas a partir da exploração da história do Cangaço como atrativo turístico. Os atrativos relacionados ao Cangaço estão presentes na dança, culinária, artesanato e nos fatos históricos. Na culinária podemos destacar os doces a base de cactus e o guisado de bode cozido na raiz do umbuzeiro; já na dança o destaque é o Xaxado que no município de Poço Redondo tem como representante maior o grupo “Na Pisada de Lampião”.
A visita aos artesãos que trabalham com couro e madeira é indispensável, pois esses artesãos conseguem figuras e indumentárias que fizeram parte do Cangaço.
As trilhas ecológicas, por onde andaram os sertanejos e sertanejas que fizeram parte da saga cangaceira, no município de Poço Redondo, são caminhos de aventura e beleza natural dentro do ecossistema da Caatinga.
A Rota do Cangaço conta hoje com cerca de oito (8) roteiros e contempla seis (6) municípios de três estados nordestinos: Alagoas, Bahia e Sergipe. Os núcleos bases para realização dos roteiros são as cidades de Poço Redondo e Canindé de São Francisco em Sergipe e Piranhas em Alagoas. Esta rota tem como desafio fazer com que o banditismo rural e social dos cangaceiros seja entendido como atrativo turístico histórico, cultural e eco-turístico.
A história dos cangaceiros e cangaceiras é parte da história do povo nordestino; relegar essa história é o mesmo que negar a nossa própria existência e perder algo tão precioso que a nossa identidade histórica e cultural.
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Fontes de pesquisa: Angico Tour / Xingó Parque Hotel / Unidade Turística de Angico – Restaurante Angico.
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(*) Técnico em Turismo, Guia em Ecoturismo e Graduando em Turismo pela FASETE – Paulo Afonso (BA). Sócio da SBEC.
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