Para Liara que, como poucos, sabe por no barro verdades de um Nordeste seu e de todos.A despeito de toda informação e de transformação do mundo contemporâneo, algumas representações da realidade teimam em se perpetuar junto a segmentos particulares da sociedade nacional. Assim é acerca da Amazônia, vista como terra de anacondas e de selvagens guerreiros e do Sudeste maravilha, eldorado a ser conquistado. Assim também ocorre com o Nordeste, tido por alguns como região inóspita ocupada por agricultores que diante da seca comem calangos ou batem em retirada para sobreviver, inchando as grandes metrópoles e fortalecendo o ciclo da marginalidade e da violência.
São visões redutoras da realidade que não espelham com fidelidade a verdade da vida. Refletem a incapacidade de compreender a grandiosidade e os percalços humanos, a riqueza das manifestações populares, a imensurável criatividade daqueles que traduzem em pensamentos, palavras, atos e arte as expressões que marcam o cotidiano do povo.
Com as bênçãos do Padre Cícero e dos Orixás, transformando Lampião em herói ou bandido, e dançando ao som das toadas de boi, Liara é mais uma das personagens que corajosamente invadem o cenário cultural do país para abrir corações e cabeças limitadas pelos estereótipos. Sem comparações óbvias e sem supervalorizar a própria origem, a artista ignora rótulos discriminatórios e reage com a apresentação de um trabalho tão inovador quanto surpreendente. As peças que cria mostram um Nordeste real, enriquecido pelo imaginário popular, pela fé, pelo amor e pela força que se renovam a cada pulsar de um coração nordestino. Elaborada por ela, a argila não reproduz uma região. O barro é fiel ao Brasil e a toda a sua diversidade cultural.
Bem vinda Liara. Parabéns pela obra que realiza. Parabéns Ceará. Parabéns Brasil.
(*) Ricardo Gomes Lima é Doutor em Antropologia, pesquisador do Centro Nacional de Cultura Popular / Iphan e Professor Adjunto do Instituto de Artes / UERJ
São visões redutoras da realidade que não espelham com fidelidade a verdade da vida. Refletem a incapacidade de compreender a grandiosidade e os percalços humanos, a riqueza das manifestações populares, a imensurável criatividade daqueles que traduzem em pensamentos, palavras, atos e arte as expressões que marcam o cotidiano do povo.
Com as bênçãos do Padre Cícero e dos Orixás, transformando Lampião em herói ou bandido, e dançando ao som das toadas de boi, Liara é mais uma das personagens que corajosamente invadem o cenário cultural do país para abrir corações e cabeças limitadas pelos estereótipos. Sem comparações óbvias e sem supervalorizar a própria origem, a artista ignora rótulos discriminatórios e reage com a apresentação de um trabalho tão inovador quanto surpreendente. As peças que cria mostram um Nordeste real, enriquecido pelo imaginário popular, pela fé, pelo amor e pela força que se renovam a cada pulsar de um coração nordestino. Elaborada por ela, a argila não reproduz uma região. O barro é fiel ao Brasil e a toda a sua diversidade cultural.
Bem vinda Liara. Parabéns pela obra que realiza. Parabéns Ceará. Parabéns Brasil.
(*) Ricardo Gomes Lima é Doutor em Antropologia, pesquisador do Centro Nacional de Cultura Popular / Iphan e Professor Adjunto do Instituto de Artes / UERJ
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