Transcrevemos a seguir o texto da correspondência encaminhada pelo Presidente da SBEC - Kydelmir Dantas - à Revista Aventuras na História, onde faz retificações ao artigo daquela revista tratando de assunto que diz respeito à Sociedade: Lampião e o Cangaço.
Caríssimos Editores da Aventuras na História.
Primeiramente, parabéns pela excelente matéria "Lampião - A morte do Herói", na AH edição 60 - julho 2008.
Além do valor literário-informativo que vem nesta, há a qualidade nas colorizações das fotos de lampião e seu bando... Mais uma vez, parabéns!
Nós que fazemos parte da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC, com sede em Mossoró-RN e com sócios espalhados pelo Brasil, sabemos o quanto é passível de erros e más interpretações determinadas matérias, principalmente ligadas à História do Nordeste. No entanto, seria incomum se não houvesse algumas correções e/ou retificações a fazer... poucas, mas há.
Por exemplo:
- Na cronologia "A Saga de Lampião na Caatinga": "1920 - José Ferreira é morto. Virgulino e 3 irmãos entram para o cangaço (Ezequiel, Levino e Antônio)".
Consta, em boa parte da bibliografia, inclusive nas indicadas pela AH na seção "Saiba Mais", que a entrada de Lampião, Antônio e Levino no Cangaço deu-se devido às brigas entre estes e Zé Saturnino, a partir de 1918. Portanto, quando José Ferreira morreu, os filhos já estavam no cangaço. Posteriormente, em 1926, Ezequiel entrou no bando de Lampião, juntamente com o cunhado Virgínio Fortunato... ambos receberam apelidos: Ponto Fino e Moderno, respectivamente.
- Em "Bonnie e Clyde do Sertão", sobre as mulheres cangaceiras, cita: "Elas também só faziam amor, não faziam a guerra; à exceção de Sila, mulher do cangaceiro Zé Sereno..."
Em seu livro "Memórias de Guerra e Paz", e nos vários depoimentos que deu a pesquisadores, jornais e revistas, Ilda Ribeiro de Souza, a Sila, nunca disse que pegou em armas para combater... sempre falou que, para as mulheres, os revólveres de pequeno calibre que usavam à algibeira, eram só enfeites. Porém, relata que Dadá mulher de Corisco era uma 'danada' no uso das armas. Vejamos pois esta citação, retirada do livro Guerreiros do Sol, de Frederico P. de Mello, pág. 158: "Sérgia Ribeiro da Silva - Dadá - vem a se converter na única mulher do Cangaço a usar arma longa nos combates."
Em dois pontos estão colocados o nome do tenente, que comandou o ataque aos cangaceiros na Grota do Angico a 28 de julho de 1938, como JOSÉ Bezerra... Logicamente houve um erro de digitação, pois o nome deste é JOÃO Bezerra.
Em 1969 as cabeças foram finalmente enterradas, a pedido de familiares do casal mitológico - e temido - do cangaço. Desde o ano de 1965 que o Silvio Hermano de Bulhões, filho de Dadá e Corisco, começou uma campanha em prol do sepultamento dos restos mortais do pai em Santana do Ipanema (AL), levando-se em consideração uma proposição através de decreto, de um deputado baiano que conseguiu a aprovação para o sepultamento das cabeças de Lampião e Maria, o que não foi feito, nem atendendo ao decreto. Silvio ampliou esta campanha, solicitando atenção e dando entrevistas a jornais e revistas (O Cruzeiro) e obtendo o apoio da população, familiares dos outros cangaceiros e autoridades, para que fossem sepultadas as cabeças dos cangaceiros mortos no Angico e a cabeça e o braço de Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco, o que foi feito no Cemitério Quinta do Lázaro, em Salvador (BA), (Ver: Lampião, Cangaço e Nordeste - págs. 432-433, de Aglae de Oliveira).
Kydelmir Dantas
(SBEC - Mossoró-RN)
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