SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço

segunda-feira, 28 de julho de 2008

O Cangaço no Agreste Pernambucano

Antonio Vilela de Souza (*)
Arte: de http://espacoecologiconoar.com.br/
Quando se fala no cangaço vem logo na mente das pessoas o sertão nordestino e a figura lendária de Lampião. Porém, o cangaço é muito mais do que sertão e Lampião. É agreste, é Paizinho Baio - o homem que atuou com seu pequeno grupo no agreste meridional de Pernambuco, em especial nas cidades de Garanhuns, Correntes, Brejão, Bom Conselho, São João e São Bento do Una, levando o terror por mais de 20 anos a esse pequeno mundo. Foi assassinado em 1939 pelo delegado Raimundo Urquisa.
A cidade de Brejão era o pólo do cangaço no agreste meridional de Pernambuco. Além de Paizinho, “o Lampião do agreste”, teve os sanguinários Capitão Américo e Vicentão, que foi o responsável pela chacina conhecida como hecatombe de Garanhuns, fato esse, acontecido no dia 14 de janeiro de 1917, onde 13 inocentes foram trucidados pelo rifle deste sicário e seu bando de aproximadamente 300 homens. Já o capitão Américo agia mais como um justiceiro vingador.
Quando em junho de 1935 Lampião tem suas ações no agreste de Pernambuco, manda um bilhete ao povo de Brejão pedindo a importância de 20 contos de réis recebe o ultimato dos cangaceiros Capitão Américo e Paizinho Baio: “Se você for homem, venha buscar.” Lampião como sabia da fama dos cangaceiros e do povo de Brejão, não ataca a cidade, distante 25 km de Garanhuns. Outro cangaceiro independente do agreste que teve atuação no município de Correntes e divisa com Alagoas foi o Pinga-fogo.

AÇÕES DE LAMPIÃO NO AGRESTE PERNAMBUCANO

A noticia da aproximação de Lampião à região no final de maio de 1935, causou um verdadeiro pandemônio na população de Garanhuns, ele esteve em Mimoso, a poucos quilômetros de Garanhuns, passou e tomou rumo desconhecido. Com medo do possível ataque de Lampião, muitos habitantes da terra de Simoa Gomes deixaram a cidade.
No dia 20 de maio, passou pelos sítios Minador, a poucos quilômetros de Garanhuns, Pedra e Buíque. No dia 2 de julho, ataca Santo Antonio do Tará. Em sua trajetória de sangue, no dia 12 de julho aparece na localidade de Santo Antonio, no município de Bom Conselho. Como um raio destruidor, Lampião aparece na manhã do dia 19 de julho na localidade de Azevém. Já na madrugada do dia 20 ataca o sítio Queimada do André, onde o bando mata o Sr. José Gomes Bezerra.
Em seguida segue para Serrinha do Catimbau (Paranatama), onde o bando é recebido à bala. A resistência ao bando é feita por João Caxeado, inspetor de quarteirão e seu auxiliar Oséias Correia. Nesta ocasião, Maria Bonita e Maria Ema foram baleadas e o cachorro Dourado morreu crivado de balas.
O bando que invadiu Serrinha era composto pelos cangaceiros: Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), Fortaleza, Cabo Velho, Medalha, Maçarico ou Juriti, Gato, Moita Braba, além de Maria Bonita e Maria Ema. Estes foram os cangaceiros processados pela invasão de Serrinha, conforme o Processo nº. 795 da comarca de Garanhuns, estado de Pernambuco.
Portanto, Mossoró e Serrinha foram os locais que botaram o rei pra correr, ambos com prejuízo para a horda do rei do cangaço. Em Mossoró, Colchete e Jararaca tombaram sem vida. Em Serrinha, Maria Bonita e Maria Ema saíram feridas e o cachorro de Lampião, Dourado, morto crivado de balas.


(*) Natural de Garanhuns-PE, professor de História, pesquisador e escritor do cangaço, escreveu o livro "O Incrível Mundo do Cangaço". Membro da SBEC.

4 comentários:

Anônimo disse...

Caro amigo Vilela,

Grande Abraço. Com relação a teu comentário extremamente feliz sobre a ação de Lampião no agreste de Pernambuco e a heróica resistência de Serrinha, gostaria de perguntar aos amigos da SBEC, a citada Maria Ema, era companheira de que cangaceiro?

Satisfação encontrá-lo.

Severo - Fortaleza/Crato

Anônimo disse...

prezado vilela, no vilela existem muito misterios a ser descobertos.cabe a voce tambem a descobri-lo. como se diz,cangaceiro nao morre se renova.abraço.sucesso no seu novo livro.marcelo cordeiro do r.j.

Unknown disse...

Sou Bisneto de Catipão Américo... Bom saber mais sobre a fantástica história de vovô!

josimar baio disse...

Sou sobrinho 3 de paizinho baio, neto de Zé baio que é irmão de mi.há mãe que ainda reside em brejao hoje c 85 anos!! Muitos trataram paizinho como bandido mas não sabe
sabem a real história do mesmo, criticar e fácil mas antes deveria se fazer uma pesquisa apurada sobre a "pessoa" paizinho!!

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