SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Grupo Vivência N'Arte - VINA

Nos Caminhos da MPB
Kydelmir Dantas (*)

O Grupo Vivência n’Arte – VINA é, desde há um bom tempo, referência da boa Música Popular Brasileira em Mossoró. Seus componentes têm um respeito ao compromisso com um público cativo e fã incondicional. Com um trabalho iniciado nos idos de 1981, o VINA conquistou seu espaço e já se expandiu além fronteiras do Rio Grande do Norte. Por isto que Mossoró deve continuar acompanhando e apoiando este Grupo que leva o nome da cidade por onde passa e conquista novos admiradores.

HISTÓRICO

1 - O vocábulo VINA
A marca de fantasia VINA tem três significados: - é uma sigla, tomando-se as primeiras letras da palavras Vivência, juntando-a com a síncope de Na Arte. É também um instrumento musical (escrito em sânscrito veena, conforme Enciclopédia Britânnica), considerada como a deusa dos instrumentos de corda. O terceiro significado é o apelido como Vinícius de Moraes era chamado carinhosamente pelos amigos. Este último significado é explicado a partir de uma homenagem feita ao poeta, aí por volta dos anos 80, quando a base do atual VINA foi formada. Dez anos após a morte de Vinícius, a idéia original foi retomada, com uma exegese da sua obra, com o espetáculo “Era Uma Vez um Homem e Seu Tempo”. Assim, fundado em 21/12/1990 surge o Grupo Vivência N’Arte - VINA, agora, consolidado, com identidade própria, estatutos, regimento interno e CNPJ (24.530.493/0001-98).

2 - As Raízes e os Frutos do Grupo VINA
Os primeiros passos da maioria dos atuais componentes do Grupo VINA, foram dados no início da década de 1980, quando se reuniram em um recital sobre a biografia e a obra poética e musical de Vinícius de Moraes. Nessa época, apenas um violão e um surdo, com uma precária percussão, eram os instrumentos do Grupo. Nessa formação inicial, ainda sem nome registrado, faziam parte: Aldenôr Gomes, Antonio Roberto Brígido, Cecília Maria do Monte, João Liberalino Filho, José Erivaldo de Araújo, Maurício de Oliveira, Mariêta Cosme de Oliveira, Elza Brito e Carlinhos Lima. Dessa formação foram produzidos os seguintes espetáculos: “Relembrando Vinícius”, “O Banquete dos Mendigos”, “Morte e Vida Severina: Auto de Natal” e um espetáculo infantil “E o Dia Adia o Natal”.


3 - A Logomarca VINA
Após sucessivas reuniões, foi estabelecido um Estatuto para o Grupo, que deveria ter como objetivo a disseminação da arte, mais especificamente na Literatura e na Música. Daí surgiu o GRUPO VINA, logomarca criada para viabilizar a prestação de serviços artísticos e culturais, e ter seus produtos passíveis de negociação junto aos agentes de publicidade, patrocinadores e o poder público nas suas diferentes esferas.

4 – Os Shows
Desde então foram realizados vários shows, com apresentações em Mossoró, Natal, Areia Branca, Pau dos Ferros, Açu, Currais Novos e Catolé do Rocha (PB), citados a seguir: “Era Uma Vez Um Homem e seu Tempo”; “Nós, Vozes, Elos”; “Estatutos do Homem: Uma Ode ao Trabalho”; “Nada Será Como Antes”; “A Cidade Muda”; “Sarau ao Luar”; “Sertanianas Brasileiras”; “A Missa da Insurreição”; “Aos Trancos e Barrancos”; “Musas”; “Canto Brasileiro”: “Notícias do Brasil”; “Estatutos do Homem”; “VINA 10 Anos – Fica Comigo Esta Noite” (com o lançamento de um CD); “A Barca dos Amantes”; “Os Ventos do Norte Não Movem Moinhos”; “Hiroshima, Mon’Amour” e “Ossos do Ofício”. Além disto, o VINA teve participações especiais em: “Tony & Dany”, Mossoró, 1993; “Canto Andino”, Mossoró, 1993; “Projeto 6 e Meia” (Natal – 1995 e Mossoró - 1996); “V Fórum do Cangaço”, organizado pela Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, Mossoró, 1997; “50ª SBPC”, em Natal, 1998; “Do Quintal ao Universo”, na Semana da Mulher, 2000; “Luau no Planeta Água”, Hotel Thermas; “Patrick Dimon & VINA”, Mossoró, 2004; “Zé Lima e Convidados”, Mossoró, 2005, “Em Cantos & Encontros (Os sonhos não envelhecem)”, Mossoró, 2006.

5 - Formação atual
Nome, seguido do Nome Artístico
ANTONIO ROBERTO BRÍGIDO DO MOURA - Roberto Brígido
CECÍLIA MARIA DO MONTE - Cecília Monte
GENILCE VIANA - Genilce
JOÃO LIBERALINO FILHO - João Liberalino
LUIZ ANTONIO DE PAULA - Luiz Antonio
LOURDES BERNADETE LIMA - Betinha Lima
MARIA DAS GRAÇAS LIMA - Gracita Lima
MARIA GORETTI ALVES - Goretti Alves
MARIÊTA COSME DE OLIVEIRA - Mariêta Cosme
RAIMUNDO RODRIGUES VIANA - Raimundinho Viana
ELZA ALVES DE BRITO LIMA ROCHA - Elza Brito

6 - Aprovação na LEI CÂMARA CASCUDO
Com tantos bons trabalhos, o Grupo VINA apresentou um projeto para a volta aos Palcos com o show “Hiroshima, Mon’Amour”, de acordo com a Lei de apoio à Cultura do Estado do Rio Grande do Norte, que foi devidamente aprovado pela LEI CÂMARA CASCUDO.

7 - Uma perda irreparável
MAURÍCIO DE OLIVEIRA – Mentor intelectual dos Shows do VINA, roteirista e organizador da seleção musical; Engenheiro Agrônomo, formado na Escola Superior de Agricultura de Mossoró – ESAM, atual Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA; Doutor em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa (MG); Professor no curso de graduação em Agronomia e do Mestrado em Fitotecnia da ESAM, no Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento do PRODEMA, coordenado em Mossoró pela UERN, além de professor visitante em cursos de especialização de outras Universidades Brasileiras. Faleceu no dia 08/01/2006. O poeta Antônio Francisco, conceituou Maurício no poema “A Resposta”, cordel nº 1 do jornal Plural, dizendo:

Nosso rio ficou sem a espada
Do mais bravo e ferrenho lutador.
Se arrastando aos pés de Mossoró,
Procurando outro grande defensor.
Com o mesmo espírito de Maurício,
Sem bravata, honesto e sonhador.

8- A homenagem, o retorno, a união
No ano de 2006, o IV FestUern, fez-lhe uma justa homenagem, dando nome ao Troféu (Maurício de Oliveira) e apresentou o documentário “Um Rio de Emoções Chamado Maurício”, produzido por professores e alunos do curso de Comunicação Social, à frente Kildare Gomes e Jucieldo, com depoimentos de amigos, artistas, gente da cultura e companheiros da música e da convivência, em relatos emocionantes, sobre o homem, o professor e o artista. No mesmo poema “A Resposta”, o Patativa de Mossoró disse:
O VINA ficou sem o verão
E a voz da cigarra mais valente.
Procurando no livro da saudade,
Uma réstia do sol de antigamente.
E um pequeno milagre nas estrelas,
Pra voltar a ser VINA novamente.

Na seqüência da apresentação do documentário, no dia 20 de julho p.p. no Teatro Municipal, o Grupo Vivência N’Arte cantou e reencontrou o seu público, pela primeira vez sem a presença física de Maurício. Um retorno já esperado, porém, tenso de início e crescendo na recepção do público e na emoção de seus componentes. Pareceu-nos que ‘ele’ lá estava, dando forças aos companheiros de shows e palcos, de amizades e brincadeiras, de trabalho e seriedade. O que vimos, do meio pro final, é que o VINA iluminou-se e se uniu. Com isto, deu seu primeiro passo para a celebração dos 15 Anos com o próximo espetáculo, “Em Cantos & Encontros” (Os Sonhos Não Envelhecem).

9- Mais um grande sucesso
No dia 30 de novembro do ano 2007, o grupo participou do encerramento do I CONGRESSO NACIONAL DO CANGAÇO, em Brasília – DF, organizado pela Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC. Com um show onde incluiu músicas de vários daqueles apresentados nestes 16 anos de vida e, dando ênfase ao “A Missa da Insurreição”, - O espetáculo, em sua nova versão, trouxe uma proposta cênica diferente. Trata-se de, em meio a manifestações religiosas que seguem o roteiro do ritual da missa católica, retratar o Nordeste, seu povo e sua labuta cotidiana para sobreviver. Como no romance de Euclides da Cunha, aí estão o homem, a terra e a luta, partes inseparáveis de um cenário, ao mesmo tempo inóspito e belo, do nosso Brasil. A terra árida, a casa de taipa, os garranchos, os xiques-xiques, o sol a pino, se misturam aos cangaceiros, vaqueiros, coronéis, agricultores, beatos, homens e mulheres que, com seu suor, sua fé, sua voz, seu canto e sua luta, dão vida e compõem uma paisagem característica do sertão nordestino. A Missa da Insurreição não se propõe a criticar ou exaltar qualquer religião, mas retratar o quanto a fé e a paixão pela vida, típicas do sertanejo, fazem com que esses personagens vivenciem e ergam insurreições cotidianas. - o grupo foi aplaudido de pé no Teatro do Museu da República. Além de ‘matar saudades’ dos conterrâneos potiguares, seus fãs e admiradores que lá residem. Com esta apresentação o citado evento foi encerrado com chave de ouro e com mais um sucesso do grupo Vivência N’Arte.
Mossoro (RN), setembro de 2008.

(*) Escritor, Cordelista, atual Presidente da SBEC.

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