SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Revista GR - Lembranças de Lampião

Foto na Revista GR e capa Ed. 273
Transcrevemos a seguir o texto da correspondência encaminhada pelo Presidente da SBEC - Kydelmir Dantas - à Globo Rural, ed. 273, onde faz retificações ao artigo daquela revista tratando de assunto que diz respeito à Sociedade: Lampião e o Cangaço.

Srs. Editores da Revista GLOBO Rural.

Nós que fazemos parte da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC, com sede em Mossoró-RN e com sócios espalhados pelo Brasil, sabemos o quanto é passível de erros, más interpretações e até informações repassadas erradas para determinadas matérias, principalmente ligadas à História do Nordeste.

Na revista nº 273 - julho 2008 - a matéria LEMBRANÇAS DE LAMPIÃO apresenta algumas informações carentes de correções e/ou retificações a fazer. Por exemplo:

1 - Na citação "Eles foram perseguidos sem trégua por 16 anos (1922-1938)..."
Correção: desde 1918 que Lampião, Livino e Antonio estavam no cangaço, incorporados ao bando de Sinhô Pereira, bando este que Lampião assumiu no ano de 1920. Portanto, foram 20 anos no cangaço.

2 - "Portanto, o lema de fazer justiça... transformou Virgolino... em Lampião, o cangaceiro que começou o ofício vingando a morte do pai ao lado de dois irmãos."
Correção: Virgolino entrou no cangaço por problemas pessoais com seu vizinho Zé Saturnino, em 1918 e não pra vingar a morte do pai – José Ferreira, que morreu em 1921, sob as balas da volante do tenente Zé Lucena. Portanto, NUNCA vingou a morte do pai, pois tanto Zé Saturnino quanto Zé Lucena morreram muitos anos depois de Virgolino.

3 - "As roupas do bando eram costuradas por Maria Bonita e outras mulheres..."
Correção: Dadá é que foi considerada a 'estilista do cangaço'. Ela era quem costurava as roupas do seu marido Corisco e passou a enfeitar os bornais, cartucheiras e chapéus dos demais amigos do cangaço. A partir daí é que as outras mulheres passaram a seguir seu exemplo.

4 - "Foi a extrema preocupação com a imagem, inclusive, que o levou a contratar o mascate..."
Correção: Benjamin Abrahão não foi contratado para documentar as atividades do bando. Desde 1934 ele tinha conseguido uma carta, tipo salvo-conduto, do Padre Cícero para ir ao encontro do bando de Lampião e filmá-lo, o que fez em 1936. Com a ajuda do Albuquerque da ABA Filmes de Fortaleza, levou máquina filmadora e de fotografias, fazendo o maior acervo iconográfico do cangaço que ora existe.

5 - A foto : "MARIA BONITA, ainda em trajes civis, ao lado de Virgolino, já cangaceiro afamado e temido."
Correção: Nesta foto o cangaceiro que se apresenta é o JURITI, que se vestia à moda cangaceira e usava óculos pela admiração que tinha ao seu chefe maior.

No mais, parabéns pela matéria e pela seção cultural desta bela revista.

Kydelmir Dantas
SBEC - Mossoró - RN

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