Antônio Silvino
Grafite (18/08/1993) de Guilherme Augusto - funcionário da Petrobras, baseado em foto do cangaceiro, publicada no livro “Antônio Silvino: O Rifle de Ouro”, de Severino Barbosa (Arquivo SBEC)
Grafite (18/08/1993) de Guilherme Augusto - funcionário da Petrobras, baseado em foto do cangaceiro, publicada no livro “Antônio Silvino: O Rifle de Ouro”, de Severino Barbosa (Arquivo SBEC)
No dia em que o calendário assinala mais um aniversário do ataque de Lampião a Mossoró, nunca é demais, recordar-se os lamentáveis acontecimentos, lembrando às gerações do presente, os dias tormentosos do cangaceirismo no passado.
Dizem que o Dr. Raul Fernandes, depois do sucesso alcançado com o lançamento de “A Marcha de Lampião”, partiu para uma outra caminhada no roteiro do cangaço: organizar um outro livro, baseado nas incursões de Antônio Silvino e seu bando, no nosso Estado, e assim o fez com o título de “Antônio Silvino no Rio Grande do Norte”.
Conforme se sabe, três chefes de bando armado, deixaram os seus nomes inscritos no livro do cangaço, e na mente das populações sertanejas, de maneira indelével, nesta região: Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino e o mais famoso de todos – Lampião.
Cada um, porém, com a sua história, contada ou escrita com as características próprias e diversificadas, na maneira de agir, ditadas pelo estado temperamental de cada um e pelas condições ecológicas do meio ambiente, na época em que viveram e atuaram.sim faço: dessado.
Jesuíno Brilhante, cronologicamente o primeiro, na nossa região, não foi um celerado qualquer, salteador e sangüinário como tantos. Não. Tinha os seus homens, o seu grupo, é certo; muito mais para se defender da polícia e dos seus numerosos inimigos, do que para a prática do assalto criminoso à propriedade alheia. Não roubava. Sensível ao sofrimento dos humildes, dos injustiçados e desprotegidos da própria sorte, se fez deles protetor. Dizem que assaltou comboios do governo em época de seca, distribuindo os gêneros com os flagelados. A sua história se acha contada pelo escritor conterrâneo Raimundo Nonato em “Jesuíno Brilhante – O Cangaceiro Romântico”.
Antônio Silvino – de quem nos ocuparemos demoradamente neste comentário, em alguns aspectos – e sem que pese a prática de alguns assaltos – tinha lá as suas maneiras de agir, muito semelhantes às de Jesuíno Brilhante. De modo geral, também não assaltava. Mandava um recado, ou, pacificamente se apresentava ele próprio ao chefe da localidade ou ao fazendeiro abastado, a quem fazia o seu pedido, dizia das suas necessidades e das suas pretensões. Uma vez atendido, desaparecia, sem a ninguém molestar.
“Antônio Silvino, pernambucano, usou o rifle dezoito anos. Atravessou o Rio Grande do Norte, pacificamente” – diz o Dr. Raul Fernandes no livro que escreveu sobre Lampião. Este, ao contrário dos dois, foi a expressão máxima do cangaceiro nordestino. Implantou o terror. Foi em síntese, o crime personificado, matando pelo prazer de matar; roubando, pelo prazer de roubar.
No ano de 1901, Antônio Silvino acossado pela polícia paraibana, penetrou no Rio Grande do Norte. Foi exatamente quando se deu o chamado “Fogo da Pedreira”, na fazenda desse nome, pertencente ao Cel. Janúncio Salustiano da Nóbrega, do município de Caicó. Olavo Medeiros Filho residente em Natal, sabe como tudo aconteceu.
Ainda em 1901, há notícia de que esteve em São João do Sabugí. Dizem que, com a sua chegada, com exceção da casa do Sr. Manoel Amâncio, todas as outras da pequena povoação, foram fechadas. Na casa de Amâncio, Silvino foi pacífica e amistosamente recebido. Uma coleta de duzentos mil réis feita pelo seu hospedeiro entre as pessoas mais abastadas da terra, foi o suficiente para que o bandoleiro abandonasse a localidade “internando-se ainda mais neste Estado” – dizia o noticiário da época.
No ano de 1912, esteve em Jucurutu e Augusto Severo, atual Campo Grande. Muito embora Mossoró não tivesse no seu roteiro de visitas, os seus habitantes ficaram em polvorosa: “Uma notícia alarmante correu célere pela cidade nos dias agitados de maio de 1912. Teria sido visto no Alto da Conceição um presumível comparsa de Antônio Silvino” – é o que nos conta Lauro da Escóssia no seu livro de memórias, dizendo mais que “o comércio fechou as portas, o povo se aglomerou, enquanto as autoridades de imediato tomaram as providências cabíveis organizando a defesa da cidade. Mais tarde, tudo estaria esclarecido: Um comerciante da praça reconhecera no suposto ‘perigoso cangaceiro’, um seu freguês, também comerciante em Alexandria, que, quase pagava com a vida as canseiras da viagem” – conclui Lauro.
Dizem que o Dr. Raul Fernandes, depois do sucesso alcançado com o lançamento de “A Marcha de Lampião”, partiu para uma outra caminhada no roteiro do cangaço: organizar um outro livro, baseado nas incursões de Antônio Silvino e seu bando, no nosso Estado, e assim o fez com o título de “Antônio Silvino no Rio Grande do Norte”.
Conforme se sabe, três chefes de bando armado, deixaram os seus nomes inscritos no livro do cangaço, e na mente das populações sertanejas, de maneira indelével, nesta região: Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino e o mais famoso de todos – Lampião.
Cada um, porém, com a sua história, contada ou escrita com as características próprias e diversificadas, na maneira de agir, ditadas pelo estado temperamental de cada um e pelas condições ecológicas do meio ambiente, na época em que viveram e atuaram.sim faço: dessado.
Jesuíno Brilhante, cronologicamente o primeiro, na nossa região, não foi um celerado qualquer, salteador e sangüinário como tantos. Não. Tinha os seus homens, o seu grupo, é certo; muito mais para se defender da polícia e dos seus numerosos inimigos, do que para a prática do assalto criminoso à propriedade alheia. Não roubava. Sensível ao sofrimento dos humildes, dos injustiçados e desprotegidos da própria sorte, se fez deles protetor. Dizem que assaltou comboios do governo em época de seca, distribuindo os gêneros com os flagelados. A sua história se acha contada pelo escritor conterrâneo Raimundo Nonato em “Jesuíno Brilhante – O Cangaceiro Romântico”.
Antônio Silvino – de quem nos ocuparemos demoradamente neste comentário, em alguns aspectos – e sem que pese a prática de alguns assaltos – tinha lá as suas maneiras de agir, muito semelhantes às de Jesuíno Brilhante. De modo geral, também não assaltava. Mandava um recado, ou, pacificamente se apresentava ele próprio ao chefe da localidade ou ao fazendeiro abastado, a quem fazia o seu pedido, dizia das suas necessidades e das suas pretensões. Uma vez atendido, desaparecia, sem a ninguém molestar.
“Antônio Silvino, pernambucano, usou o rifle dezoito anos. Atravessou o Rio Grande do Norte, pacificamente” – diz o Dr. Raul Fernandes no livro que escreveu sobre Lampião. Este, ao contrário dos dois, foi a expressão máxima do cangaceiro nordestino. Implantou o terror. Foi em síntese, o crime personificado, matando pelo prazer de matar; roubando, pelo prazer de roubar.
No ano de 1901, Antônio Silvino acossado pela polícia paraibana, penetrou no Rio Grande do Norte. Foi exatamente quando se deu o chamado “Fogo da Pedreira”, na fazenda desse nome, pertencente ao Cel. Janúncio Salustiano da Nóbrega, do município de Caicó. Olavo Medeiros Filho residente em Natal, sabe como tudo aconteceu.
Ainda em 1901, há notícia de que esteve em São João do Sabugí. Dizem que, com a sua chegada, com exceção da casa do Sr. Manoel Amâncio, todas as outras da pequena povoação, foram fechadas. Na casa de Amâncio, Silvino foi pacífica e amistosamente recebido. Uma coleta de duzentos mil réis feita pelo seu hospedeiro entre as pessoas mais abastadas da terra, foi o suficiente para que o bandoleiro abandonasse a localidade “internando-se ainda mais neste Estado” – dizia o noticiário da época.
No ano de 1912, esteve em Jucurutu e Augusto Severo, atual Campo Grande. Muito embora Mossoró não tivesse no seu roteiro de visitas, os seus habitantes ficaram em polvorosa: “Uma notícia alarmante correu célere pela cidade nos dias agitados de maio de 1912. Teria sido visto no Alto da Conceição um presumível comparsa de Antônio Silvino” – é o que nos conta Lauro da Escóssia no seu livro de memórias, dizendo mais que “o comércio fechou as portas, o povo se aglomerou, enquanto as autoridades de imediato tomaram as providências cabíveis organizando a defesa da cidade. Mais tarde, tudo estaria esclarecido: Um comerciante da praça reconhecera no suposto ‘perigoso cangaceiro’, um seu freguês, também comerciante em Alexandria, que, quase pagava com a vida as canseiras da viagem” – conclui Lauro.
Vem dessa época, o fato que motivou esse relato.
Na sua visita a Augusto Severo – por sinal bem sucedida – Antônio Silvino deixou um recado para o povo de Caraúbas, dizendo que em breve iria até ali, com o mesmo propósito. O recado foi transmitido pelo Padre Pinto, então vigário de Augusto Severo, ao Bel. Alfredo Celso de Oliveira Fagundes, que ali se encontrava em trânsito.
O Dr. Alfredo, recém-investido no cargo de Juiz Distrital de Caraúbas, cioso dos seus deveres de guardião da lei, não viu com bons olhos a descabida e pretensiosa atitude do bandoleiro e ao chegar a sua terra, onde também já havia chegado o “ultimatum” de Silvino, encontrou o chefe local e demais autoridades sobressaltados e desalentados ante a perspectiva da indesejável visita.
O Dr. Alfredo, recém-investido no cargo de Juiz Distrital de Caraúbas, cioso dos seus deveres de guardião da lei, não viu com bons olhos a descabida e pretensiosa atitude do bandoleiro e ao chegar a sua terra, onde também já havia chegado o “ultimatum” de Silvino, encontrou o chefe local e demais autoridades sobressaltados e desalentados ante a perspectiva da indesejável visita.
Foi quando o juiz tomou a arrojada decisão: assumiu a responsabilidade da defesa do lugar e mandou dizer ao bandoleiro que, “podia vir, mas que seria recebido à bala” – aquela mesma resposta que Rodolfo Fernandes daria mais tarde a Lampião.
É claro que Antônio Silvino não gostou da resposta e mandou-lhe o troco com esta terrível ameaça:
“Pois diga a esse dotôzinho, que breve irei lá. Vô rasgá a sua carta de dotô, queimar a sua casa, esquartejá-lo e depois dinpindurá os seus restos nos postes dos lampiões da luz...”.
Imediatamente a população foi mobilizada. Alberto Maranhão no Governo do Estado, cientificado, mandou “um cunhete de balas (1.000 cartuchos)”. As lideranças locais e fazendeiros convocados atenderam ao chamamento do juiz e de repente 40 rifles estavam a sua disposição. Vários dias a então vila de Caraúbas esteve em pé de guerra na expectativa do ataque iminente, mas Antônio Silvino não apareceu para “rasgá a carta do dotô...”.
De tudo ficou o fato e a foto documentando para a História um acontecimento, fruto de uma época de atraso que já se vai encobrindo na curva do tempo...
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Grupo de defensores de Caraúbas ao ataque de Antônio Silvino:
Francisco de Souza, Nilo de Góis, Francisco Amâncio, Elizeu Noronha, Francisco Brasilino, João Cisneiros de Góis, Firmino Gurgel, Osório Pinto, Abel Fernandes, Pedro Oliveira, Manoel Rosa, Mariano Soares, João Neiva, Samuel Mário, Nestor Fernandes, Vital Fernandes, Bento Sobrinho, Bertoldo Soares, Josué de Oliveira, Valério de Freitas, João Câmara, Manoel Darico, Elísio Fernandes, Pedro Fernandes, Joaquim Amâncio, Deodoro Gurgel, Lino Ademar, Manoel Teopompo Fernandes, Jacob Gurgel, Luiz de Oliveira, Joaquim Gurgel, Nestor de Oliveira, Dr. Alfredo Celso, Cícero Fernandes, Raimundo Costa, Manoel Arruda, José Dantas e Matias Fernandes.
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(*) Raibrito. Membro da SBEC.
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Adenda:
O leitor Margones Barros, bisneto do Cel. Luiz Martins de Oliveira Barros, dá conta de um episódio ocorrido na Fazenda Lágea Formosa, no município de São Rafael, no Rio Grande Norte, de propriedade daquele Coronel. Conta ele que Antonio Silvino e alguns “cabras” chegaram à fazenda e “solicitaram ajuda” em dinheiro. O Cel. juntou o solicitado e entregando-o ao cangaceiro, solicitou que não fosse molestada a sua família pois sua esposa estava prestes a dar à luz. Antonio Silvino recebeu o adjutório e partiu dali, dizendo: “Eu não poderia atacar um homem tão bom para os pobres como o Senhor, Coronel.”
9 comentários:
nao conheci o antonio silvino, mas a minha contava pra mim algumas histórias sobre ele. Antonio deu pra minha avó um anel de ouro e quando visitava a família levava alimentos. Quando o bando chegava a mae da minha avó (tia de antonio) praparava a comida pra eles e depois partiam. Ela falava dele com muito carinho.Lourdes Alves -REcife
Sabe, meu avô também dizia ter parentesco com Antonio Silvino e contava sempre estórias sobre ele, não lembro bem qual a relação, só sei que a mãe de meu avô era das bandas do sertão e ele se chamava José Sabino Alves Filho.
Aqui no Cariri paraibano Antônio Silvino ainda é um grande mito, pois as pessoas falam dele com muito respeito, temor e chegam até a baixar a voz quando tocam no assunto. Ele andava com a foto do inimigo, era gago e bastante apelideiro. Gostava de presentear os coiteiros com fotos e facas de três quinas, bastante usado no cangaço. Teve várias namoradas e gostava de selecionar seus cabras em Alagoa de Remígio, hoje Remígio-PB. A Paraíba foi seu grande referencial no Cangaço. Está sepultado no Cemitério do bairro do Monte Santo, em Campina Grande-PB.
Meu pai dizia que sua mãe era sobrinha de Antonio Silvino e eu cresci houvindo as historias do cangaço,a familia de meu é da Paraiba familia Brito da Silva
meu nome é jacinto Moreno, sou ator, diretor, autor e morei muitos anos em Mossoró e durante o tempo em que morei nesta belissima cidade, escrevi ' A RESISTENCIA DE MOSSORÓ AO BANDO DE LAMPIÃO 'ao completar 55 anos da entrada de Lampião em Mossoró, feito em prosa e cordel( 35 estrofes de sétima)de parceria com Vicente Neto ( hoje um advogado de renome na cidade de Mossoró)e aqui em João Pessoa, hoje, abril de 2010, em parceria co Marcos Veloso, escrevemos um roteiro de cinema RIFLE DE OURO - contando parte da vida de cangaço do famoso Antonio Silvino. jacintomoreno@ig.com.br - jacinto.moreno@hotmail.com - www.moreno.bloggratuito.net
sou de tabira sertão pernambucano, manuel batista de morais(antonio sivino) é avô da minha VÔzinha paumira batista de morais, temos muitas fotos com antonio silvino e minha vô, sou apaixonada pela historia dele e de lampião. conherço tudo da vida de antônio silvino meu bizavô. fazia muitas festa no sitio mancinha quando antônio retornava de sua jornadas era uma festansa sÒ. lampião andou muito por tabira mais numca atacou a cidade pelos sitio de tabira.
Segundo o meu pai Roberto José Pereira, infelizmente falecido em 27 de Novembro de 2003, contava que seu bizavô (meu trizavô) Idalino Pereira Leal lutou contra o bando de Antonio Silvino em sua propriedade que fica na Serra do Maracajá, na divisa entre os municípios de Pocinhos e Puxinanã. Na época pertencia ao município de Campina Grande. Este acontecimento foi por volta de 1910, e segundo meu pai Idalino Pereira expulsou os cangaceiros de sua propriedade, certamente com ajuda de parentes e empregados.
Outro fato curioso é contado pela minha avó materna Maria José Rodrigues, que segundo ela o seu pai José Inácio da Silva (meu bizavô) fazia parte do bando de Antonio Silvino. Mas infelzmente não sei em que período e qual era seu nome de cangaço e maiores informações a respeito.
Sou de João Pessoa, mas minha familia é toda do sertão paraibano, e pelo o que eu soube a pouco tempo, meu bisavô era primo de Antonio Silvino. Sinceramente não conhecia sua história mas estou muito interessado em saber sobre a história desse cangaceiro que foi primo do meu bisavô!
Antônio Silvino tem muita família em Tabira e na Ingazeira nasceu nas divisas dessas duas cidades no local chamado de Jasmim!
É um absurdo dizer que era de Afogados da Ingazeira !
Conheçam as famílias Morais, Godê e Olegário em Tabira para conhecer melhor a história!
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